quinta-feira, 4 de julho de 2013

Cannes: Dumbs Ways to Die

Case australiano "Dumb Ways to Die" levou vários prêmios em Cannes e ganhou uma sátira  que  levou a ideia para a Cidade Maravilhosa


Mais um post feito pela Bárbara Sacchitiello sobre Cannes. Dessa vez, uma campanha australiana, feita com o propósito de evitar as mortes acidentais nos trens e metrôs. Há até uma paródia feita, Dumb Ways to Die in Rio. Confira:

As mortes acidentais nos metrôs e trens da Austrália atingiram índices preocupantes nos últimos anos. Quase sempre por distração ou falta de prudência, muitas pessoas perderam a vida de forma banal nos trilhos e plataformas daquele país. Criar um alerta para que a população tivesse mais cuidado nesses locais foi o briefing que caiu nas mãos da McCann de Melbourne. Menos de um ano depois, a solução encontrada virou hit no mundo e mereceu cinco Grand Prix no Festival Internacional de Criatividade de Cannes.
Quem teve a oportunidade de participar dessa edição do Festival certamente teve dificuldade de tirar o refrão grudento de “Dumb Ways to Die” da cabeça. Embora a canção seja sua face mais famosa, a campanha mais premiada de Cannes em 2013 envolveu um planejamento de extensa capilaridade, que contemplou diferentes mídias para levar ao público um importante alerta sem a caretice presente na maior parte das mensagens do tipo.
Os criativos australianos buscaram inspiração no mórbido desenho Happy Tree Friends para criar uma animação aparentemente fofa, com monstrinhos de várias cores morrendo de maneiras estúpidas. Os versos da canção citam, justamente, essas maneiras idiotas de encontrar a morte, como cutucar um urso, mexer numa colmeia ou escorregar na linha do trem. A morbidez fofa dos monstrinhos associadas ao chiclete refrão “Dumb Ways to Die” impregnou na mente e no coração do público de dentro e de fora da Australia. Peças e anúncios nas plataformas e estações de metrô, game para celular, livro de ilustrações infantil e outras formas de ativação complementaram o case.




Os números da campanha impressionam: mais de 52 milhões de visualizações do clipe da música no YouTube, posição de destaque entre os aplicativos mais baixados da App Store em 28 países, música mais tocada em dezenas de rádios australianas (a pedido do público e não pelo pagamento de espaço publicitário) e centenas de paródias e traduções em diversas línguas – o que, talvez, seja a prova mais contundente da aceitação do público.
Em Cannes, “Dumb Ways to Die” recebeu o prêmio máximo nas categorias Integrated, Film, PR, Direct e Radio, além de levar Leões de Ouro em seis diferentes categorias. A cada vez que a equipe de criativos da Austrália subia ao palco para receber mais um troféu, o público cantava junto o refrão e batia palmas como se estivesse em um show. Prova de que, em uma indústria que anseia diariamente por encontrar ideias mirabolantes, a simplicidade de uma mensagem associada a um ritmo que agrade aos ouvidos ainda é algo imbatível.

Dumb Ways to Die in Rio
Enquanto preparava este post me deparei com outra prova do sucesso incontestável da campanha australiana. Há alguns dias um grupo de profissionais da agência Scrip, em um trabalho independente, decidiufazer uma versão brasileira de “Dumb Ways to Die”, em algo que resultou em uma ótima crítica social.
Com personagens muito similares aos originais, a paródia “Dumb Ways to Die in Rio” relatou as estúpidas – porém possíveis – formas de se morrer na Cidade Maravilhosa, seja por balas perdidas, pela superlotação do metrô ou de susto pelo alto preço dos imóveis. Engraçado, para quem admira a criatividade. Mas triste, para quem é brasileiro (e, sobretudo, carioca). Veja:





Bárbara Sacchitiello*

* Sou jornalista e, há seis anos, cubro o mercado de publicidade, mídia e marketing no jornal Meio & Mensagem. A convite da Carol, conto ao Conteúdo de Marca um pouco do que presenciei na cobertura da 60ª edição do Festival Internacional de Criatividade de Cannes, destacando, obviamente, os trabalhos que melhor utilizaram as técnicas de branded content.


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